ilustração de Libby Vanderploeg
“Amanhã
é o dia da mulher!
Papá, amanhã tens que dar um presente a mim e à mamã!”
Alice. 6 anos, Lisboa em 07.03.2018.
Papá, amanhã tens que dar um presente a mim e à mamã!”
Alice. 6 anos, Lisboa em 07.03.2018.
Não
minha filha, não é para recebermos presentes que celebramos o dia
da mulher.
Fiquei meio abananada por perceber que me cabe a mim esclarecê-la, e a mais ninguém (e ao seu irmãozinho, pois claro!)
Fiquei meio abananada por perceber que me cabe a mim esclarecê-la, e a mais ninguém (e ao seu irmãozinho, pois claro!)
Mas,
como confrontar uma menina inocente com uma realidade feminina a
nível mundial ainda tão negra... Eu limitei-me a dizer que é um
dia para nos lembrarmos que nós mulheres podemos fazer tudo o que
quisermos, e não devemos deixar que alguém nos diga o contrário.
Claro que isto me saiu da boca para fora sem pensar, felizmente, não
me respondeu com um: “Ok, então da próxima vez que me disseres
que tenho que ir lavar os dentes ou calçar as sapatilhas em vez dos
sapatos eu não te dou ouvidos e faço o que quiser!!” Ahaha!!
Bom,
claro que percebi que a devo instruir, aos poucos, que a realidade
dela é muito diferente da realidade de meninas de outros
países, que são obrigadas a casar muito antes dos 18 anos. Que ainda há demasiados países onde os maridos podem legalmente proibir as mulheres de trabalhar! Que mesmo no nosso país há desigualdades a vários níveis. Mas sobretudo
dar-lhe ferramentas de defesa. E isso minhas amigas deixa-me as
pernas bambas. Como ensinamos as nossas meninas a defenderem-se em
cenários que nem queremos imaginar. Ou como dotá-las de
autoconfiança e amor próprio num mundo ainda tão cruel?
Claro que acho estes princípios tão válidos na educação da minha filha como na educação do meu filho. Mas o que ainda assisto é que a mulher tem redobradas dificuldades para conseguir provar que pode dirigir uma empresa, uma freguesia, uma câmara ou mesmo um país. Porque é que ainda é tão difícil assumir que podemos ser tão boas ou melhores a desempenhar determinados cargos? E já agora com salário igual!
Sabem, acho que enquanto houver uma mulher a apontar o dedo a outra em vez de lhe estender a mão para a ajudar a erguer-se, muito caminho há a fazer...
Claro que acho estes princípios tão válidos na educação da minha filha como na educação do meu filho. Mas o que ainda assisto é que a mulher tem redobradas dificuldades para conseguir provar que pode dirigir uma empresa, uma freguesia, uma câmara ou mesmo um país. Porque é que ainda é tão difícil assumir que podemos ser tão boas ou melhores a desempenhar determinados cargos? E já agora com salário igual!
Sabem, acho que enquanto houver uma mulher a apontar o dedo a outra em vez de lhe estender a mão para a ajudar a erguer-se, muito caminho há a fazer...
Passei
o dia a pensar nisto. E a ler*. E a ouvir**.
Se nos sentimos impotentes quanto às atrocidades e injustiças que ainda acontecem pelo mundo, na verdade podemos fazer sempre algo. Podemos e devemos continuar a falar, instruir e discutir o tema da igualdade. Dentro e fora do género masculino e feminino.
Se nos sentimos impotentes quanto às atrocidades e injustiças que ainda acontecem pelo mundo, na verdade podemos fazer sempre algo. Podemos e devemos continuar a falar, instruir e discutir o tema da igualdade. Dentro e fora do género masculino e feminino.
Felizmente,
o mundo tem mudado, lentamente é certo, mas vamos desbravando e
conquistando o que deveria ser de direito, enquanto, tão simplesmente, por todos sermos apenas e só humanos.
Um
feliz dia a todas <3
*Excelente artigo, de Paula Cosme Pinto
**Video maravilhoso onde se mostra às crianças a desigualdade salarial, que ainda existe.